Transformações da religião vodum no Atlântico escravista (1650 – 1850)

A conferência abordará o livro ” O REI, O PAI E A MORTE”, do Prof. Dr. Luis Nicolau Parés.

Sobre a obra: “Examina as práticas religiosas na antiga Costa dos Escravos, na África Ocidental, correspondente à extensão onde hoje está a República do Benim. Nesse pequeno trecho de litoral, embarcou-se parte significativa dos africanos que chegaram escravizados ao Brasil, em particular à Bahia. A obra privilegia os dois séculos que vão de 1650 a 1850, quando o tráfico transatlântico de escravos foi mais intenso. Os principais reinos que dominaram a região nessa época foram Aladá, depois Uidá, e a partir da década de 1720, Daomé. Em razão das várias línguas faladas nessas sociedades, os deuses eram chamados de diversas formas, mas o termo mais comum era, e ainda é, vodum. Assim, o livro analisa o dinamismo e a historicidade da prática associada aos voduns, destacando sua imbricação com a vida política e econômica desses reinos. Em função da ligação histórica do Brasil com o lugar, a última parte da obra aborda questões relativas às repercussões que esses costumes tiveram na Bahia e no Maranhão.As formas de religiosidade desenvolvidas no período do tráfico de escravos constituíram um dos principais motores para a recriação dos rituais afro-atlânticos. No entanto, além de um simples movimento unidirecional da África para o Brasil, as forças da economia do tráfico afetaram de forma dramática as práticas religiosas em ambos os lados do Atlântico. O sistema escravagista, marcado por assimetrias de poder extremas, violência, racialização, instabilidade social e migrações generalizadas, intensificou uma forma ritualística baseada na troca sacrificial, na hierarquização, na possessão e no imaginário da feitiçaria.

Inextricavelmente ligados à prática política e econômica dessas sociedades, os rituais religiosos desses povos são uma tradição de pluralismo e tolerância que precisa ser
valorizada, sobretudo em tempos sombrios como os atuais, tomados por intransigência e fundamentalismo”.

( Texto de apresentação do selo Cia das Letras )

Data: 9 de outubro

Horário: das 10:30 às 12:30

Local: Sala de vídeo do departamento de história. FFLCH-USP

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Equipe Acervo África